Foto: Kal Fernandes
A HISTÓRIA DA IGREJA MATRIZ DE PEDRO VELHO - RN
Aos 03 de outubro de 1918, sua Excelência Reverendíssimo Senhor Bispo
Diocesano, Dom Antonio dos Santos Cabral, achando-se desde a primeira
festa nesta Vila em visita Pastoral, e comunicou-me verbalmente capelão
do lugar e encarregou-me da construção da futura matriz, sob a palestra e
explicação do Padre Fernando Nolte da Sagrada Família, residente em
Natal. Nessa época havia uma Capela-Mor, feita de tijolos, um altar
velho de madeira com a imagem do Padroeiro São Francisco de Assis, no
corpo da igreja havia uns alicerces feitos em 1909, pelo então vigário
da Penha Francisco de Almeida e uma Grande latada de palha de coqueiro.
Tratei logo de adquirir dinheiro e material para começar o serviço de
pedreiro em maio de 1919. Tendo sido confiado o trabalho pelo Padre
Fernando Nolte ao mestre Estevão Manoel, de nacionalidade grega, sendo
aproveitados os alicerces e marcando mais dois alicerces para as duas
torres. Em fim de julho foi suspenso o trabalho por falta de tijolos, e
somente em março de 1920, recomeçou sob direção do pedreiro José Cândido
da Silva que, com o seu sobrinho Antônio Cândido continuaram até
outubro do mesmo ano, quando foi novamente suspenso o trabalho por falta
de dinheiro e materiais, ficando as paredes na altura entre quatro e
seis metros parece mais ou menos. Em fevereiro de 1922, sua Excelência o
senhor Bispo Dom Antônio dos Santos Cabral, lançou um decreto criando a
Paróquia de São Francisco de Assis de Vila Nova, nomeando-me o primeiro
vigário da nossa Paróquia.
Nas grandes enchentes do vigoroso inverno de 1924, as paredes da
Capela-Mor e as feitas do corpo sofreram grandes rachões, desanimando o
Capelão e o povo, para a continuação dos trabalhos, que devido à grande
crise de dinheiro, contratei, no dia 17 de novembro de 1924, com o
mestre pedreiro Manoel Carvalho, conhecido por mestre Nezinho, a
conclusão do corpo da igreja. Aproveitei o material das duas torres
rachadas e comecei o alicerce de uma só torre no meio, por oito contos
de réis, e continuei o trabalho como o mesmo mestre Nezinho.
Achando-se a matriz limpa inteiramente e estando aqui visita pastoral o
Senhor Bispo Dom José Pereira Alves, no dia 14 de janeiro de 1925, às
oito horas da manhã, sua Excelência reverendo com a bênção solene da
matriz e do Altar-Mor, sendo celebrada em seguida a missa presidida pelo
ritual.
Aos quinze dias de dezembro de 1927, contratei o mesmo mestre Nezinho
para a conclusão da torre e limpeza das paredes internas e externas, sem
os assoalhos ou pisos por quinze contos de reis. Ainda com o mesmo
mestre fiz dois contratos; o primeiro para a construção das calçadas
laterais e o segundo para a construção do patamar. O mestre não concluiu
os serviços, sendo terminado pelo pedreiro Antônio Cândido.
No decurso desse trabalho, fiz grandes sacrifícios, encontrei auxílios
de pessoas dedicadas e também muitos injustos e ingratos que me fizeram
experimentar várias contrariedades.
Declaro por ocasião de aperto que pude salvar os pagamentos. Empreguei
nas obras da Matriz por consenso de Monsenhor Alfredo Pegado Vigário
Geral, trezentos mil réis na Capela de Santa Luzia do Ingá, e em outra
ocasião idêntica quatrocentos mil réis na capela de santa Rita de
Cuitezeiras, devendo a Matriz satisfazer essas importâncias, se as
capelas encontrasse em trabalho.
Tendo adoecido e não podendo concluir os trabalhos de madeira da Matriz
e nem a sua paramentação devido ao indiferentismo do povo, sua
Excelência o Senhor Bispo Diocesano Dom Marcolino Dantas me aconselhou
deixar o paroquiado, que hoje faço porque recebi um cartão do Monsenhor
Alfredo Pegado me avisando que tinha nomeado o vigário daqui Padre
Ambrósio Silva.
Sobre o patrimônio da Matriz de Vila Nova o que ela tem justamente é um
Altar-Mor com as imagens de São Francisco de Assis, Padroeiro, São
Sebastião e Santa Teresinha. Um altar de madeira com três imagens: O
Coração de Jesus, Nossa Senhora da Conceição e São José. Um altar novo
de madeira com duas imagens já compradas: Nossa Senhora Auxiliadora,
Santa Ligia e outra já encomendada. Uma imagem pequena do Coração de
Jesus e uma de Nossa Senhora do Perpetuo do Socorro, duas banquetas de
metal brando com os referidos crucifixo, cinco paramentos brancos,
encarnado (vermelho), rosa e preto, quase todo já acabados, uma lavraria
pequena, um cálice, dezesseis toalhas de altar, oito de mãos e outros.
Vila Nova, 10 de Maio de 1935.
Padre Leôncio Fernandes Costa