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04/08/2020

A história dos 30 mártires do RN canonizados pelo Papa Francisco

Em 1645, moradores dos engenhos de Cunhaú e Uruaçu, no interior potiguar, resistiram aos holandeses. Em 2017, o Papa Francisco declarou santos 30 dos 80 mortos nos massacres.


O primeiro massacre aconteceu na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho de Cunhaú, em Canguaretama; O segundo em Uruaçu, comunidade do município de São Gonçalo do Amarante.

Tudo começou quando os holandeses tomaram a iniciativa de invadir o nordeste brasileiro para cobrar as dívidas dos portugueses que construíram engenhos com dinheiro emprestado pela Holanda.

Cunhaú

O massacre de Cunhaú, ocorrido no primeiro engenho construído em território potiguar, é considerado um dos mais trágicos da história do Brasil. Em 1645, o estado do Rio Grande (católico) era dominado pelos holandeses (calvinistas). Jacob Rabbi, um alemão a serviço do governo holandês, chegou ao engenho no dia 15 de julho daquele ano. Porém, ele já era conhecido pelos moradores da região, pois havia passado por lá anteriormente, sempre escoltado pelas tropas dos índios Tapuias.

No dia seguinte, como de costume, os fiéis se reuniram para celebrar a eucaristia e foram à missa na Igreja de Nossa Senhora das Candeias. O pároco, padre André de Soveral, começa a cerimônia. Depois do momento da elevação do Corpo e Sangue de Cristo, as portas da capela foram fechadas, dando-se início a violência ordenada por Jacob.

Uruaçu

O massacre de Uruaçu aconteceu no dia 3 de outubro de 1645, três meses depois do ocorrido em Cunhaú, também a mando de Jacob Rabbi. Dizem os cronistas que, logo após o primeiro massacre, o medo se espalhou pela Capitania. Receosa, a população tinha medo que novos ataques acontecessem.

Segundo a história, neste segundo massacre as tropas usaram mais crueldade. Depois da elevação, fecharam as portas da igreja e os fiéis foram mortos ferozmente. As vítimas tiveram as línguas arrancadas para que não fossem proferidas orações católicas. Além disso, tiveram braços e pernas decepados. Crianças foram partidas ao meio e degoladas.

O celebrante da missa, o padre Ambrósio Francisco Ferro, foi muito torturado. O camponês Mateus Moreira teve o coração arrancado. E, ainda vivo, exclamou: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento".

Beatificação e canonização

Em reconhecimento ao feito dos Mártires de Uruaçu, em 16 de junho de 1989 o processo de beatificação foi concedido pela Santa Sé. Em 21 de dezembro de 1998 o papa João II assinou o decreto reconhecendo o martírio de 30 brasileiros, sendo dois sacerdotes e 28 leigos.

A celebração de beatificação aconteceu na Praça de São Pedro, no Vaticano, no dia 5 de março de 2000. A cerimônia religiosa foi presidida pelo papa João Paulo II.

Foram canonizados (nem todos têm os nomes identificados):

  • Pe. André de Soveral
  • Pe. Ambrósio Francisco Ferro (português)
  • Mateus Moreira
  • Domingos de Carvalho
  • Antônio Vilela Cid (espanhol)
  • Antonio Vilela, o moço e sua filha
  • Estevão Machado de Miranda e suas duas filhas
  • Manoel Rodrigues Moura e sua esposa
  • João Lostau Navarro (francês)
  • José do Porto
  • Francisco de Bastos
  • Diogo Pereira
  • Vicente de Souza Pereira
  • Francisco Mendes Pereira
  • João da Silveira
  • Simão Correia
  • Antonio Baracho
  • João Martins e seus sete companheiros
  • A filha de Francisco Dias